quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Crescer ( parte I )

   "Crescer é experimentar, gradativamente, as qualidades do Deus que habita em nós. Crescer é render-se paulatinamente ao controle do Espírito Santo de Deus para que a relação entre nosso espírito e o Espírito de Deus não seja mais de rebeldia e de oposição, mas sim de harmonia e de reconciliação" (René Kivitz). 

   Um dos fatores mais importantes para o crescimento vital é a crise. Existem alguns sinais de crises na vida adulta que merecem destaque, visto que pode se viver agora ou em futuro próximo.
   Toda crise implica mudança de pontos de referência, falta de certezas e, portanto, busca de seguranças. A esta altura da vida as coisas materiais, até as mais ridículas, podem dar a migalha de firmeza que se falta. Pode ser que na juventude tenha sido formado em uma determinada atitude espiritualista, vivendo a religiosidade como uma espécie de mundo à parte, superior ao terrestre. Nesse caso pode-se desviar para o outro extremo, com uma atitude pragmática que deixa de lado os grandes ideais cristãos em busca de soluções chamadas realistas. A verdade é que essas atitudes conservam uma realidade diante da qual agora não se quer criar conflitos. Buscam-se resultados fáceis e imediatos, comodidades, mais gastos extras para  sentir-se normal, e então se cai em um aburguesamento, gerando um desencanto pela fé cristã e pelos seus valores, perdendo assim o sentido da vida.
   A consequência de tudo isso, é a dor da mentira em si próprio e a busca desordenada de fazer o mesmo com os outros. A solução imediata para tal situação é se revestir de máscaras diante das crises, negando a entregar-se ao amor sem reservas. A pessoa vai se tornando medíocre, porque renuncia viver a fundo a sua fé; com isso ela  perde a capacidade de sofrer com sentido, e de gozar profundamente a sua existência. Conforma-se com o cumprimento dos deveres pela metade, procurando ser como os outros, sem sobressair para não correr riscos.
    A relação com a verdade é a chave da espiritualidade,  pois Deus é a verdade! O que acontece quando não há confrontamento diante da crise? Uma palavra clássica define o estado da alma: a tibieza.
   Aquele que é escravo da tibieza cria uma cobertura de insensibilidade e rotina, e passa a ter uma atitude de superficialidade, não conseguindo ficar em silêncio, sempre atrás do novo e não se tornando novo.
   "Vós sois o sal da terra: se o sal perde o gosto, com que o salgarão"? (MT 5,13a), com este fechamento de coração, o sal vai se tornando insípido. A indisposição para o crescimento mediante os conflitos interiores conduz a pessoa para o enrijecimento interior
   A crise não possui um significado em si. O que é significativo não é o que se sofre com a crise, mas o que se cresce com a crise.
   

Um comentário:

  1. Ola Padre Mariano, entrei para conferir o blog..ficou muito bom. Agora é só blogar...rsrsrsr

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